Universidade Federal do Rio Grande
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação
A Formação Continuada dos Professores utilizando as Tecnologias Digitais com Metodologias Construtivistas.
Bem sabemos que as tecnologias estão cada vez mais presentes em diversos segmentos sociais, vários setores, financeiros, de saúde, consumo, já adotam as tecnologias de forma natural, sem grande impacto social. Então, ao nos deparar com um segmento, o educacional, cito Eduardo Chaves:
O que acontece com a escola, que faz com que, apesar de virtualmente todas as outras áreas de nossa sociedade estarem se transformando, em grande parte em função da introdução de tecnologia, especialmente de computadores, a escola continue a operar como se nada disso lhe fosse relevante, tornando-se uma ilha não-tecnológica num mar de tecnologia?
E então a somar-se com o grande fardo de responsabilidades que cabe ao Professor chega mais um, o fato de que estes atores importantíssimos no processo da educação estão sim, resistentes às tecnologias. E não é que não as tenham em casa, fora de seu ambiente de trabalho, o fato é que aceitar as tecnologias na escola impõe mudança de postura, mudança de fazer pedagógico, repensar a ação docente já tão estruturada em anos de currículos imexíveis. E também Eduardo Chaves coloca:
Seriam os educadores mais resistentes a inovações (isto é, mais conservadores) do que, por exemplo, os médicos? Parece que sim — não no sentido político (onde geralmente os educadores se pretendem avançados e progressistas), mas, sim, no sentido de tentar conservar a sua prática tão inalterada quanto possível, procurando argumentos de todos os tipos (inclusive racionalizações) para justificar o seu conservadorismo.
Surge um novo desafio aos gestores da Educação: Como conscientizar os professores da importância da Educação Digital sem que se perca a fundamentação de seu papel? É preciso retomar o construtivismo, salientar aos educadores que, conforme cita Eliane Schlemmer:
Na concepção epistemológica interacionista/
construtivista, o conhecimento é entendido como
uma relação de interdependência entre o sujeito
e seu meio. Tem um sentido de organização, estruturação e explicação a partir do experenciado. É construído a partir da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento, interagindo com ele, sendo as trocas sociais condições necessárias para o desenvolvimento do pensamento.
O respeito à autonomia do indivíduo, a cooperação, a troca de saberes já fazem parte da educação moderna e todo e qualquer professor deve compreender que seu papel não é mais meramente o de detentor e transmissor de saberes, mas sim o de facilitador de interações, o de mediador de aprendizagens significativas. Cabe desta forma, ao poder público, buscar estratégias de ação que mobilizem os professores, o que não é de forma alguma um processo simples, e tampouco irá atingir a totalidade da classe. Baseio grande parte de minhas escritas na Coleção "Informática para a Mudança na Educação", coletânea esta publicada pelo Ministério da Educação e pouco conhecida dos professores, mas que precede a chegada dos Laboratórios ProInfo às Escolas, devendo dar referencial teórico para a assimilação desta mudança de prática pedagógica que se almeja, a inclusão digital de fato.
O objetivo desta coleção é, portanto a formação de professores, particularmente em serviço e continuada em três de seus principais programas, o ProInfo, a TV Escola e o PROFORMAÇÃO. Os produtos desta coleção destinam-se a ajudar os educadores a se apropriarem das novas tecnologias, tornando-os, assim, preparados para ajudarem aos estudantes a participar de transformações sociais que levem os seres humanos a uma vida de desenvolvimento autosustentável, fundada no uso ético dos avanços tecnológicos da humanidade.
A ideia da criação de uma “Cooperativa do Saber” entre os professores vem do que nos ensina Piaget "O principal objetivo da educação é criar indivíduos capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram." O conhecimento não pode ser tomado como algo pronto e acabado, é uma construção constante e de transformação igualmente constante. Mexer com os professores, fazer com que se percebam capazes de criar novas metodologias educacionais, partindo do uso das tecnologias digitais é construir novos horizontes para a educação.
Estudos já comprovam que as pessoas apreendem 10% do lêem, 10% do que ouvem, mas 70% do que fazem, ou seja, a prática traz a real significação do aprendizado. Fazer com que os professores se tornem autores deste novo aprendizado, membros desta cooperativa do saber é permitir a formação continuada construtivista. Através do levantamento de dados de uma pesquisa, os professores são instigados a criar um Projeto de Aprendizagem Baseado em Problema, sabendo que o problema maior em questão é a dificuldade em lidar com as tecnologias na escola.
A aquisição de conhecimento será produto da construção coletiva, atenderá às necessidades do grupo de professores tocados pela proposta. Ainda constante da coleção anteriormente citada:
“Para os professores, é uma aprendizagem integrada a momentos de ação e a momentos de aquisição de novas competências – acompanhada de uma atividade reflexiva e teórica, sustentada por uma ajuda externa. A competência é a capacidade de resolução de problemas (com a utilização do computador). A
formulação coletiva de novos saberes, que são colocados em prática paralelamente ao processo da formação continuada, é a característica principal deste modelo interativo-reflexivo. O professor será, então, incentivado a colocar em ação o que Schön descreve como praticum reflexivo, no qual ele é estimulado a utilizar o seu próprio ensino como forma de investigação destinada a mudança das práticas. Schön propõe três estratégias para caracterizar o prático reflexivo: a) siga-me (follow-me); b) experimentação conjunta (joint experimentation) e c) hall de espelhos (hall mirrors). Nesta perspectiva, a formação do educador centrada na investigação envolve esforços no sentido de encorajar e apoiar as pesquisas dos professores a partir de suas próprias práticas. O ensino, assim, é encarado como um modo de investigação e experimentação, dando legitimidade às teorias e práticas dos professores. Para Nóvoa, as práticas de formação contínua organizadas em torno dos professores individuais podem ser úteis para a aquisição de conhecimentos e de técnicas, mas favorecem o isolamento e reforçam sua imagem como transmissores de um saber produzido fora da profissão. Sem dúvida, o diálogo entre os professores é fundamental para consolidar conhecimentos emergentes da prática profissional, mas a criação de redes coletivas de trabalho constitui também um fator decisivo de socialização profissional e de afirmação de valores próprios da atividade docente, contribuindo para a emancipação e para a consolidação de uma profissão que é autônoma na produção dos seus saberes e dos seus valores.”
Desta forma, trabalhar com os professores e ser um deles chama a uma tomada de consciência de nosso próprio papel social, de nossa responsabilidade diante do que tanto buscamos, formação de cidadãos, críticos e plenos de seus direitos e deveres, preparados para uma sociedade desigual e em constante transformação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SCHELEMMER, Eliane. Projetos de Aprendizagem Baseados em Problemas: uma metodologia interacionista/construtivista para Formação de comunidades em Ambientes Virtuais de Aprendizagem. http://www.uab.furg.br//mod/resource/view.php?inpopup=true&id=12203
Acesso em 24/04/2011.
VIEIRA, Rita Andréa Cipriano Vieira. VANIEL, Berenice Vahl . AMBIENTES VIRUTAIS DE APRENDIZAGENS: UMA POSSIBILIDADE DE APRENDIZAGENS PRAZEROSAS NO ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em: http://www.uab.furg.br//mod/resource/view.php?inpopup=true&id=12202
Acesso em 24/04/2011
CHAVES, Eduardo O. C.. TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: O FUTURO DA ESCOLA NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO. Disponível em:
http://www.miniweb.com.br/atualidade/Tecnologia/Artigos/colecao_proinfo/livro20_futuro_escola.pdf Acesso em 12/04/2011
ALMEIDA, Fernando José de. ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de . Aprender construindo A Informática se transformando com os professores. Disponível em: http://escola2000.net/eduardo/textos/proinfo/livro01-Fernando%20Almeida%20e%20Elizabeth%20Almeida.pdf
Acesso em 20/03/2011